Francisco Albano Boscatto

"Há duas coisas infinitas: o Universo e a tolice dos homens."

Meu Diário
23/02/2008 23h37
MEMÓRIAS DE UM NETO DE IMIGRANTES ITALIANOS...

Os noivados até o princípio do século

 

            Até a metade da década de 20, os noivados eram tidos quase como um casamento. Havia um vínculo indestrutível assumido pelos noivos, porém, sem os direitos permitidos pelo casamento. As famílias comemoravam os noivados com uma solenidade muito simples, geralmente na casa da noiva, num domingo à tarde. Isto acontecia na presença dos progenitores dos noivos, quando, então, o pai do noivo anunciava a vontade dos namorados de contraírem núpcias. Na oportunidade, ocorria o pedido da mão da noiva e havia a entrega recíproca das alianças. Estas, geralmente, eram de ouro 18 quilates, de quase um centímetro de largura, por três milímetros de espessura. Em seguida, ofereciam uma refeição simples, constante de café, biscoitos, queijo, salame e pão.

            Nestas ocasiões, havia sempre a presença de um avaliador, geralmente um alfaiate ou comerciante, convidado com o objetivo de avaliar o enxoval da noiva. Tudo era anotado, peça por peça e o seu respectivo preço, o que denominavam – em italiano – de ‘stimar la dotta’, ou seja, estimar o enxoval. Isto acontecia para que as irmãs da noiva, por ocasião de seus noivados, recebessem o mesmo tipo de enxoval. As filhas mulheres só recebiam dos pais, o enxoval e uma máquina de costura manual.

            Em algumas regiões da Itália, havia o costume do próprio noivo pedir a mão da noiva aos seus pais, o que também foi adotado aqui. A outra opção era a que foi relatada anteriormente. Estes sistemas perduraram até fins da década de 40.

            Geralmente, quando acontecia de ser desfeito o noivado, o povo punha em dúvida a honestidade e a virgindade da noiva. Alegavam que o noivo tinha-se aproveitado dela e, por não encontrá-la virgem, havia desfeito o noivado. Esta ficava numa situação muito pior do que a mulher desquitada daquela época.

            Quando acontecia o contrário, nos casos em que a moça encontrava um parceiro impotente mesmo antes de casar, a noiva não podia falar, porque ninguém acreditava nela. Desta forma, as mulheres levavam sempre a pior. Por isso, muitos casamentos foram pontilhados de infelicidades e, apesar dos desejos da mulher não eram satisfeitos, ela ainda tinha que se manter fiel ao marido, suportando sua impotência, em virtude do juramento feito.

 

 

 

 


Publicado por Francisco Albano Boscatto em 23/02/2008 às 23h37

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